Somos uma população de aproximadamente 8 bilhões de pessoas vivendo em um planeta finito e que consome mais recursos ambientais do que qualquer outra espécie. Mas o que isto nos diz sobre nossa “humanidade” e, consequentemente, sobre nosso comportamento e a nossa relação com o ambiente em que habitamos?
O termo mudanças climáticas tornou-se bastante familiar nos últimos tempos em noticiários e no nosso cotidiano, fazendo com que haja um entendimento coletivo de que nosso planeta está sofrendo algo nunca antes vivenciado, que ameaça diretamente o futuro. No cinema, filmes nos transportam para cenários de destruição da espécie humana, provocando uma reflexão sobre quais decisões tomar quando o fim é inevitável. Correntes científicas e filosóficas sugerem que podemos estar atravessando o limiar do Antropoceno, conceito que remete a um novo estado geológico e da biosfera, resultante da relação entre a sociedade e a natureza.
O fato é que estamos diante de eventos climáticos cientificamente incontestáveis. Já é chegada a hora de compreendermos qual é o nosso papel frente a essa realidade.
A ciência nos conta que o planeta tem passado por alterações climáticas desde sua origem, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, onde se registram via documentário fóssil e geológico, alternâncias de clima, temperatura, expansão e retração de biomas. Contudo, a atividade humana, sobretudo nos últimos séculos, tem acelerado e desequilibrado esses fenômenos naturais. O aquecimento global, principal sintoma da crise climática, tem causado grandes desastres naturais, levando à degradação e até mesmo ao desaparecimento de ecossistemas inteiros.
Os povos originários e as populações mais pobres são os que com maior intensidade são impactados pelas consequências do aquecimento global: seja por se relacionarem de forma mais próxima ou por exercerem atividades que dependem mais diretamente da natureza, por viverem em territórios sujeitos a maior risco de desastres ambientais ou, simplesmente, por sua fragilidade financeira diante dos efeitos cada vez mais abrangentes desse fenômeno. Essa é, portanto, uma crise climática e social.
Diante desse cenário, nada mais oportuno do que refletir sobre essa temática, sob a perspectiva de todas as áreas do conhecimento.
Nesta XXXVI edição, o Congresso de Iniciação Científica da Unesp (CIC) tem como tema “Ciência em tempos de crise climática e social”. Produzir ciência nesse contexto exige inventividade para apresentar ideias que contribuam para o avanço das bases tecnológicas atuais, contudo, pautando a ruptura com o paradigma que ameaça a continuidade da vida na Terra. De igual modo, a construção do conhecimento requer sensibilidade para a compreensão de que as mudanças do clima trazem consigo a necessidade de se refletir sobre as condições de vida dos indivíduos mais vulneráveis. Afinal, não se resolve o dilema climático sem se olhar para a questão social.
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